Durante toda sua existência o homem se deparou com diversas problemáticas, algumas delas insolúveis até os dias atuais. Uma delas é a questão da ética e moral: em que se fundamentar um código de conduta ético e moral?
Na maioria das culturas os códigos éticos e morais são determinados por entidades transcedentes, geralmente deuses. Eles determinam o "bem e o mal" e resta ao homem como ser inferior e submisso segui-lo para sua salvação. Em algumas culturas há o chamado - determinismo. Uma força metafísica pre-determina todas as ações do homem.
Atualmente com a morte de Deus e dos deuses, surgiu a grande problemática: em que se fundamentar a moral? Como fazer uso da liberdade?
No mundo ocidental essa problemática surgiu no Renascimento, onde o homem passou a ser livre e responsável por si mesmo. Temos grandes exemplos do pensamento da época, como por exemplo Maquiável em seu "O Princípe". Nesta obra ele defende o egoísmo e individualismo, onde o "Eu" é soberano e que os fins justificam os meios na busca pela ordem. Temos Erasmo de Roterdam com sua obra "Elogio da Loucura" onde mostra com clareza a hipocrisia do homem civilizado e sua loucura disfarçada sob o véu dos bons costumes e na critica do racionalismo exacerbado. Não poderia esquecer do nosso "cavaleiro andante" o famoso Dom Quixote, que se espelha em outros para a construção de si próprio. Por fim temos Thomas More com sua obra "Utopia" em que idealiza a instituição perfeita para a vida em sociedade, baseada nos escritos platônicos de A Rupublica.
Temos aí exemplos, apesar de antigos, demasiado atuais. A crise de "humanidade", de "consciência" e crise de identidade, onde homem não sabe como se construir.
Outros mostraram como é egoísta e anti-democrática a natureza humana, como Hobbes e por fim o niilismo de François Sade, que percebe que não há meios onde se possa fundamentar uma moral universal. Houve Kant com seu "imperativo categórico": a sua maneira de agir deve ser a maneira de como gostaria que se tornasse lei universal. Porém o caráter subjetivo e imperativo a refuta. E por ultimo o "Genealogista" com seu martelo filosófico, Nietzsche, que viaja até os primordios da moral para descobrir sua origem, e percebe que este é um problema insoluvel, pois o homem está "Para além do Bem e do Mal" questionando qualquer metafísica e transcendencia, do qual se denomina amoral.
Com a morte dos deuses e da moral, quem nos guiará ao melhor caminho? Encerro a este encontro com uma bela citação do Nietzsche e quem sabe o que teremos para o próximo encontro?!
"... Mas de quando em quando - se admitirmos que existem benfeitores celestes além do Bem e do Mal - concedei-me, oh deuses, um olhar com que eu possa achar um ser absolutamente completo, feliz, poderoso, triunfante, no que ainda há algo a temer. Um homem que justifique o bem! Conceidei-me que ache uma felicidade que complete e salve o homem pelo qual se possa manter a fé no próprio homem... A má sorte da Europa com o medo ante o homem fez-nos perder também o amor que lhe devotávamos, a veneração que lhe tínhamos e a esperança que lhe consagrávamos. O aspecto do homem fatiga nos."
(Friedrich Nietzsche - A Genealogia da Moral)
Texto >> Alan Silva
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