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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Admirável Mundo Novo

Admirável Mundo Novo, publicado em 1932, por Aldous Huxley (1894 - 1963) é um romance de ficção científica em que a ciência cumpre a sua promessa de livrar o homem da dor e do sofrimento, da velhice e da 'morte'. 

Com uma mudança de costumes radicais, tudo o que antes era moral, sagrado e divino, passar a ser imoral, ignóbil e desprezível. A família deixa de existir, bem como as religiões e todos seus deuses. As pessoas tem sua origem num laboratório em que a reprodução da espécie é feita através replicação de embriões utilizando várias técnicas revolucionárias. A sociedade é organizada a partir do lema Comunidade, Identidade e Estabilidade, dividida em castas: Alfas, Betas, Gamas, Deltas e Ipsolons, respectivamente da superior (Alfas) para a mais inferior (Ipsolons) cada um desses com a classificação Mais-Mais, Mais e Menos, que seria definida de acordo o tipo de 'decantação'. 

Seu novo deus é o grande Ford, com direito a cerimônias "religiosas" do dia da Solidariedade. Sua felicidade estava garantida pelo soma, uma poderosa droga sedativa inofensiva ao organismo. "Todos são de todos", este era um dos condicionamentos para evitar a monogamia, a procriação natural, que era considerado a coisa mais repugnante. 

Para garantir a estabilidade, todos eram condicionados de acordo o Condicionamento Pavloviano e as técnicas hipnopédicas, a se comportarem de modo a colaborar com a manutenção desta sociedade, sem questionamentos: amar a sua casta, desprezar as inferiores, considerar a importância de todos, odiar a solidão, a arte, e toda forma de divertimento solitário, consumir o soma e consumir tudo... e a considerar a morte como algo natural, sem importância. 

O livro faz alusão a diversos pensadores, dentre eles Karl Marx, Freud, Bernard Shaw, John Watson, William James e principalmente Shakespeare... dentre outros.

O livro espelha o retrato da sociedade época, demasiado racionalista, se afundando no vazio da produção técnica e científica, que jamais supriu as necessidades existenciais modernas. Com a revolução industrial, o mundo se torna hedonista, os valores históricos e religiosos sucumbem diante da descomunal tarefa de saciar o espírito humano. O mundo passa então a ser, o que Heiddeger chamou de 'Mundo da Técnica', o homem passa a viver em prol dos meios e deixa de ter um fim, um objetivo, um sentido. A vida perde o sentido, cada ser se torna apenas uma célula no grande corpo social. Vale ressaltar que nessa época as idéias 'científicas' e ideológicas de Eugenia estavam no seu auge, o objetivo? - produzir o novo homem! Tudo que era doente, feio, diferente era considerado degeneração e devia ser eliminado, essa foi a proposta americana de Eugenia Negativa * que os Nazistas abraçaram. 

‘Oh, essas novas ciências’ escreve Emile Zola há cem anos atrás.‘Essas novas ciências que ainda falam a linguagem das hipóteses e que ainda não se libertaram do poder da imaginação. Elas tem mais haver com os poetas do que com os cientistas. Que formidável afresco fica para não ser pintado que colossal comédia e tragédia humana não foi escrita! O material de que cada questão da hereditariedade nos dá parece infinito.’”  
Embora tenha sido publicado a quase 80 anos, o livro é demasiado atual, continua refletindo o nosso Zeitgeist, nossa sociedade técnica, hedonista e desterrada de qualquer Fim. 
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